quarta-feira, 9 de abril de 2008

DEDO

Um dos meus últimos posts falava de querer e poder, de eu não saber o que quero mas querer saber, qualquer coisa assim, estúpida e inconsequente como muitas das outras que aqui despejo. Inútil, como todas. Hoje, e para se ver como estúpidas e inconsequentes são as conclusões que tiramos, sinto que não quero saber o que quero e que essa é a razão de eu querer, por exemplo, escrever. Eu sinto, não sei. Ou será que só sei o que sinto? Se é, eu sinto, portanto sei, que só eu sei o que sinto. E, nesse sentido, minto se disser que sinto que querer é poder. Mas também quero dizer que amanhã quero poder sentir tanto que querer é poder como hoje sinto que poder é não querer. Porquê? Porque mudo. Sem querer ou por querer. Ou por crer. Vá-se lá saber.

FODA-SE

A razão. O juízo. Ela fá-lo. Ele desfá-la. E nunca este carrocel incestuoso movido a sangue, suor e lágrimas deixa de rodar. Mais uma volta, mais uma viagem. Para quê? Para não sair do sítio? Para concluir que uma e o outro são o focinho e a cauda do cão que passa a vida inteira a girar sobre si mesmo? Será um o fim da outra? Será o contrário? E eu, onde estou?

sábado, 5 de abril de 2008

CENAS

Hoje é dia de festa. Não cantam propriamente as minhas almas, mas as dos jogadores, dirigentes e adeptos do FC Porto. Às vezes, nós temos de participar na festa dos outros. O desafio, dizem-nos nessas vezes, é fazer da festa dos outros a nossa festa, mesmo que preferíssemos infestá-la. Afinal, lá em cima seremos todos campeões. Para os crentes, porque lá em cima há planícies sem fim e tudo quanto se ouvia no 'Era uma Vez o Homem' e não há raiva nem ódio nem inveja, apenas amor. Para os não crentes, porque o céu é azul e as núvens são brancas. Para os mesmo nada crentes, porque as núvens pretas com que rebatem o argumento anterior são a expressão celestial do árbitro, ou seja, Deus. E não venha nenhum lampião com os tons vermelho e rosa do céu ao fim da tarde porque isso não é o céu, isso é a luz (e, lá diz a Margarida Rebelo Pinto, não há coincidências) do sol - que, sublinhe-se, cega. Eu, na minha onto(i)lógica ignorância, tenho apenas esperança de estar à altura do desafio. E o conforto íntimo de acreditar que a esperança é mesmo verde.