sexta-feira, 9 de julho de 2010

DIAS ASSIM

O médico ausculta-me e percebe que a resposta, no meu coração, se antecipa à pergunta. É coisa de momento, passa. Tenho disto quando me sinto em falta, vazio, embora às vezes me sinta vazio e não em falta. O vazio, como a verdade, depende de mim, o que pode ser um descanso ou uma fadiga, um sonho ou um pesadelo. Se o meu vazio deixa que o vazio de tudo pouse sobre ele, então a pergunta pode ser-me feita como veio ao mundo, nua. Se o meu vazio desespera por uma veste, então a resposta vomita-se - vomita-o. Nestes dias, nestas horas, não me enviem coisas belas. São um desperdício.

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