quinta-feira, 27 de maio de 2010

FORA-DA-LEI

Lido mal com o desânimo quando se agarra a si mesmo, quando se autoidentifica sem mais, propondo-se assim, inevitável, plantado para crescer no mesmo sítio, ignorando a raiz e os frutos, vivendo errado na linha certa, apagado na luz. É um desânimo teimoso, indisposto a abdicar de si, como se de si fosse o contrário. É um desânimo pendente, um fruto maduro que nem cai nem apodrece, que nos mantém à sombra da árvore, até, quem sabe, ficarmos nós desanimados, caindo então para cima, para sermos fruto com ele, fruto dele. Talvez esse desânimo espere isso mesmo, talvez a questão seja de luta, de mais contra menos, talvez a união seja impossível, talvez alguém tenha de ficar na árvore e alguém cá em baixo, talvez seja essa a lei do desejo. A lei do desânimo.

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