terça-feira, 18 de maio de 2010

SOL LÁ

Nessa tarde a rua não tinha gente, e José procurava reflectir sobre a angústia que o tomava, no porquê de sentir o peito preso quando a calma imperava lá fora e se ouvia o chilrear dos pardais por entre notas de piano que saíam com delicadeza e meiguice das mãos de alguém que só poderia ser uma mulher, sem dúvida jovem, provavelmente bonita e quase de certeza tímida, atravessando o tecido fino dos cortinados de uma janela semiaberta da vizinhança, movidos pela suavidade da brisa e saboreando a luz e o tempero de tudo menos do peito de José, que assim percebeu porque é que nessa tarde a rua não tinha gente.

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